“Diego no es derrotista ni triste. Es fundamentalmente, investigador, constructor y sobre todo, arquitecto. Es arquitecto en su pintura, en su proceso de pensar y en el deseo apasionado de estructurar una sociedad armónica, funcional y sólida.”
Frida Kahlo
Na imensidão da Cidade do México, são muitos os locais em que podemos sentir a presença de Diego Rivera. Seus famosos murais estão na escadaria do pátio central do Palácio Nacional, há um pequeno museu construído especialmente para abrigar uma de suas obras nas proximidades da Alameda Central, a casa em que viveu com Frida Kahlo é destino certo para os visitantes de Coyoacán e sua residência e estúdio também estão abertos ao público no bairro vizinho de San Ángel. Porém, menos famoso e um pouco mais afastado do centro da cidade, há um museu diferente, pensado e construído pelo próprio Rivera como um presente para o povo mexicano. Chama-se Anahuacalli.
Além da distância, acredito que um outro fator contribua para que Anahuacalli não seja incluído no roteiro da maioria dos viajantes. Uma busca rápida por informações costuma resultar na crença de que se trata apenas da exposição da coleção particular de Rivera de arte pré-colombiana. No entanto, o principal atrativo do museu não é o seu acervo, mas o edifício em si. Concebido e criado pelo próprio artista, o prédio em formato de pirâmide é um guia para conhecer a mitologia e as crenças dos povos antigos, bem como para entender a devoção e a gratidão de Rivera a suas origens.
Ao longo de sua vida, Diego Rivera colecionou mais de 50 mil peças pré-hispânicas. Naquela época, não havia grande preocupação por parte da sociedade e dos governos com a preservação do patrimônio histórico e artístico, e as peças eram facilmente comercializadas e contrabandeadas. Rivera dava muito valor à arte e aos conhecimentos tradicionais, daí a motivação para a vasta coleção e para a posterior concepção do museu Anahuacalli.
Para o projeto, Rivera consultou o famoso arquiteto Frank Lloyd Wright em busca de orientações sobre a integração entre arquitetura e natureza. O edifício tem o formato de uma pirâmide mexicana, feito em pedra vulcânica negra, e revela influências das culturas teotihuacana e maia em combinação com elementos construtivos contemporâneos. A densidade das paredes e a quantidade de luz natural permitida nos espaços vão se modificando a cada andar, uma analogia com a passagem pelo inferno, o plano terreno e o divino. As salas localizadas nas esquinas correspondem aos pontos cardeais e aos elementos da natureza: água, vento, terra e fogo. As referências aos deuses, aos mitos e à noção de dualidade aparecem em mosaicos de pedra nos tetos e nos pisos dos ambientes. Na grande sala que seria utilizada como estúdio de trabalho por Rivera estão alguns esboços e estudos de suas obras. O museu é apresentado em uma visita guiada, com explicações para todos os elementos e simbolismos encontrados em cada sala.
Diego Rivera faleceu em 1957, com o museu ainda em construção. O trabalho foi concluído por sua filha Ruth Rivera e pelo arquiteto Juan O’Gorman em 1963 e inaugurado no ano seguinte.
Museo Anahuacalli
Endereço: Calle Museo, 150
Horário: Aberto de terça a domingo, das 11h às 17h30.
Ingresso: Pago. O mesmo ingresso vale para o Museo Frida Kahlo.
Tren Ligero: Xotepingo
Mais informações: www.museoanahuacalli.org.mx
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