12 de fev. de 2018

O estilo de Frida Kahlo

Atendendo a um pedido explícito de Diego Rivera, os responsáveis por sua herança e patrimônio mantiveram alguns cômodos da Casa Azul, em Coyoacán, fechados e intocados por muito tempo. No piso superior da casa, dentro do banheiro de azulejos brancos conjugado ao quarto de Frida, um pequeno guarda-roupa escondia um verdadeiro tesouro. Por mais de 50 anos, cerca de 300 peças de vestuário, além de jóias, acessórios e aparatos ortopédicos, permaneceram trancados, escondidos dos olhares curiosos, preservando em segredo detalhes preciosos da intimidade e do estilo pessoal de Frida Kahlo.

Desde 2012, a exposição temporária “Las apariencias engañan: los vestidos de Frida Kahlo”, montada em um anexo nos jardins do Museo Frida Kahlo, permite aos visitantes um passeio pelas cores, texturas, escolhas e tendências do closet da famosa pintora. As roupas e acessórios sempre foram recursos utilizados por Frida para lidar com suas imperfeições físicas. As saias longas e largas, as blusas com cores e detalhes que desviavam a atenção para a parte superior do corpo, os sapatos com saltos de tamanhos diferentes, os coletes e espartilhos, são exemplos de escolhas que atendiam a uma construção de estilo, mas também ajudavam a conviver com os traumas.

Percorrendo a exposição, percebe-se claramente a opção por usar e celebrar a vestimenta tradicional das mulheres da região de Oaxaca. O vestido de tehuana, associado eternamente à figura de Frida Kahlo, traduzia perfeitamente sua complexa construção identitária. Cada colorida peça de roupa bordada à mão expressava um pouco de sua ideologia comunista, aplacava seu desejo de pertencimento, honrava suas tradições familiares e nacionais e mascarava as dores de suas limitações.